Cenário Internacional
O cenário de maio trouxe um cenário positivo para os ativos globais, com os mercados demonstrando um aumento no apetite ao risco. Esse otimismo foi impulsionado por alguns fatores, dentre eles destacamos três principais:
1. Crescimento da Atividade Econômica Global: Houve um crescimento razoável na atividade econômica global, o que gerou confiança nos investidores.
2. Redução da Inflação: A inflação apresentou uma redução em diferentes proporções ao redor do mundo, aliviando as pressões altistas na curva de juros – principalmente nos EUA.
3. Perspectivas de Flexibilização Monetária: As expectativas de flexibilização monetária aumentaram, o que incentivou a demanda por ativos mais voláteis.
Como resultado, observou-se uma queda no índice VIX, que mede a volatilidade esperada do mercado, e uma desvalorização do dólar americano frente a outras moedas globais. As bolsas de valores ao redor do mundo também registraram uma valorização expressiva, impulsionadas pela revisão para baixo das projeções das taxas de juros nos Estados Unidos.
No dia 12 de junho, o Federal Reserve (Fed) decidiu manter as taxas de juros dos EUA inalteradas, no intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano, conforme esperado pelo mercado. O “gráfico de pontos” (dot plot) do Fed indicou a expectativa de um corte de 0,25 ponto percentual em 2024, abaixo da estimativa anterior de três cortes nas projeções trimestrais divulgadas em março. As autoridades monetárias do Fed agora preveem que a taxa de juros para 2025 será, na mediana, de 4,1%, ante a previsão anterior de 3,9%.
Cenário Brasil
No Brasil, o cenário interno apresentou uma deterioração conforme mostrado pelo Relatório Focus do dia 27 de maio. A mediana das projeções para o IPCA ao final de 2024 piorou marginalmente em 0,06 pontos percentuais, avançando para 3,86%. Em relatórios subsequentes, divulgados nos dias 3 e 10 de junho, houve uma expectativa de maior aperto monetário e uma desancoragem ainda maior da inflação. O IPCA para 2024 subiu de 3,88% para 3,90%, o IPCA para 2025 de 3,77% para 3,78%, e a Selic terminal para 2024 foi projetada em 10,25%.
O Banco Central do Brasil (BACEN) enfrentará desafios significativos para manter sua credibilidade diante desse cenário interno. Apesar de uma dinâmica mais benigna da inflação no curto prazo, as expectativas de inflação estão desancorando, o que torna a credibilidade da instituição crucial para futuros cortes de juros.
Nos leilões de NTN-B e NTN-F realizados nos dias 4 e 6 de junho, respectivamente, as taxas ficaram novamente em alta, mesmo com baixo volume. Apesar dos prêmios oferecidos, o mercado mostrou pouco interesse, refletindo a cautela dos bancos em abrir novas posições devido ao receio de um desgaste ainda maior do nosso fiscal. O leilão de LTN no dia 6 de junho teve um desempenho melhor, mas ainda com taxas altas, podendo indicar que o mercado está encurtando a dívida.
Embora os dados de crescimento econômico ainda sejam robustos, com um mercado de trabalho apertado e uma inflação relativamente controlada, há uma significativa deterioração adicional do quadro fiscal. Em um ambiente onde as Treasuries estão elevadas e sem soluções aparentes para a questão fiscal, os ativos brasileiros continuam sofrendo com fluxos negativos. Isso resulta em um desempenho fraco dos ativos locais, que ainda dependem de uma queda mais expressiva dos juros norte-americanos para mostrar sinais de recuperação.