À medida que a expectativa de vida aumenta, questões sobre o planejamento e a gestão financeira voltados para o envelhecimento tornam-se cruciais. Essa especialidade da gerontologia aborda não apenas a longevidade econômica – ou seja, como manter uma vida financeira saudável ao longo de toda a vida –, mas também os impactos sociais e as políticas públicas que podem garantir um envelhecimento financeiramente sustentável. Ela surgiu da convergência entre o estudo do envelhecimento e as preocupações com o bem-estar financeiro na velhice.
Desde o final do século XX, com o aumento da expectativa de vida, o foco em garantir a qualidade de vida e a segurança financeira para a velhice tornou-se prioridade. Nos anos 1980 e 1990, países como Estados Unidos e Japão desenvolveram uma base sólida de estudos para compreender as implicações financeiras do envelhecimento. A ideia de que a preparação para a aposentadoria deve começar cedo e ser uma das prioridades da educação financeira ganhou espaço em diversos países. Além dos aspectos de planejamento, a preocupação com as pessoas idosas impulsionou a oferta de serviços financeiros específicos para essa faixa etária e programas destinados a prevenir abusos financeiros e fraudes, problemas recorrentes entre os mais velhos.
O envelhecimento populacional acelerado em países como Japão, Alemanha e Estados Unidos levou essas nações a adotarem estratégias variadas para apoiar financeiramente as pessoas mais velhas. Políticas que incentivam poupanças de longo prazo, programas de orientação financeira e investimentos em saúde e bem-estar tornaram-se prioritários, promovendo a cultura de planejamento e o respeito pelas pessoas idosas. Incentivos para a manutenção da autonomia financeira são comuns. Além das políticas públicas, há estímulo ao setor privado para desenvolver serviços e produtos específicos, como seguros e previdência privada, voltados para a população idosa. Isso demanda do setor financeiro criatividade para atender a uma população que vive mais e busca um envelhecimento ativo e seguro.
No Brasil, a gerontologia financeira ainda está em fase inicial de desenvolvimento. Embora o país tenha um dos maiores sistemas previdenciários da América Latina, a cultura de planejamento financeiro de longo prazo ainda é pouco incentivada. Uma pesquisa realizada em 2019 pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com o Banco Central, revelou que seis em cada dez brasileiros (59%) admitem não tomar medidas financeiras para se preparar para a velhice.
Nos últimos anos, algumas iniciativas de educação financeira começaram a ser desenvolvidas, como a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), promovida pelo Banco Central, que visa aumentar a conscientização sobre a importância do planejamento financeiro. No entanto, a gerontologia financeira, especificamente, ainda não é abordada com o mesmo enfoque nas políticas públicas. Ao mesmo tempo, cresce a oferta de consultoria financeira voltada para a população idosa, tanto por meio de bancos quanto por especialistas independentes. Com o aumento do número de pessoas idosas e sua longevidade, o país enfrenta o desafio de adaptar sua cultura e políticas para garantir que os mais velhos tenham acesso a informações e serviços que promovam sua independência financeira.
A gerontologia financeira ensina que o envelhecimento financeiro precisa ser planejado de forma consciente e que, ao contrário do que muitos pensam, a preparação para a aposentadoria não se resume a acumular recursos. Trata-se de entender como gerenciar a renda de maneira sustentável, considerando questões como consumo consciente, vida social, saúde, assistência de longo prazo, relações familiares e imprevistos. Além disso, a gerontologia financeira destaca a importância de políticas públicas e de uma cultura financeira que valorize o envelhecimento com dignidade e autonomia.
Ao pensar no envelhecimento, é essencial contar com o apoio de um especialista que compreenda as particularidades dessa fase e auxilie na criação de um plano de vida equilibrado. O envelhecimento planejado com o apoio de um gerontólogo ou gerontologista financeiro pode proporcionar uma aposentadoria mais ativa, confortável e segura, permitindo que os indivíduos vivam plena e dignamente, sem abrir mão de suas aspirações.