Nos últimos anos, o avanço da tecnologia financeira, impulsionado por bancos e fintechs, tem transformado a forma como gerenciamos recursos, oferecendo soluções mais ágeis, acessíveis e personalizadas. No entanto, esse desenvolvimento também apresenta desafios significativos, especialmente quando se trata da inclusão digital de grupos mais vulneráveis, como as pessoas idosas.
A inclusão digital é essencial para integrar o público mais velho ao uso de tecnologias financeiras. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que a população idosa está crescendo rapidamente no Brasil, e grande parte dessas pessoas enfrenta dificuldades no acesso e uso das novas tecnologias. O envelhecimento da população, combinado ao rápido avanço das tecnologias digitais, gera um descompasso que pode afastar os idosos de processos fundamentais, como o controle de finanças pessoais, uma vez que muitos não estão familiarizados com o uso de smartphones, computadores ou aplicativos bancários. Isso os impede de acessar produtos financeiros modernos e de baixo custo.
Além das barreiras tecnológicas, questões cognitivas e físicas, como dificuldades de leitura, visão reduzida ou falta de familiaridade com terminologias tecnológicas, também contribuem para a exclusão digital. É fundamental reconhecer essas limitações para que políticas inclusivas sejam criadas, oferecendo suporte à adaptação dos idosos às novas ferramentas.
As fintechs têm trazido uma série de inovações que podem facilitar o gerenciamento financeiro para a população idosa. Aplicativos de banco digital, plataformas de investimento simplificadas e serviços de pagamento eletrônico podem proporcionar maior acessibilidade e controle sobre as finanças.
Contudo, muitos idosos ainda resistem ao uso de novas tecnologias por desconfiança, falta de treinamento ou até por questões relacionadas à socialização. Afinal, para algumas pessoas idosas, ir ao banco é um evento para o qual se preparam e aproveitam para interagir socialmente, vendo e sendo vistos. No entanto, a ausência de funcionários nas agências exige que o cliente tenha algum letramento digital para operar os caixas eletrônicos.
Para garantir que os idosos possam usufruir dos benefícios da tecnologia financeira, é necessário investir em medidas de inclusão digital voltadas a essa faixa etária. Isso inclui programas de alfabetização digital direcionados ao público idoso, o desenvolvimento de plataformas com elementos de acessibilidade, interfaces intuitivas, letras maiores, comandos de voz e simplificação de processos. Além disso, é importante incluir os idosos no processo de testes de aplicativos, facilitando o desenvolvimento de sistemas.
É essencial que fintechs e bancos digitais implementem sistemas de segurança robustos, acompanhados de campanhas de conscientização sobre fraudes digitais direcionadas aos idosos. Informar sobre práticas seguras no ambiente digital é uma medida preventiva importante contra golpes financeiros.
Outro ponto ainda negligenciado pelo mercado é o suporte. Serviços de atendimento ao cliente dedicados aos idosos, com atendimento personalizado e paciência para explicar os processos tecnológicos, podem aumentar a confiança dessa população no uso de dispositivos digitais.
A inclusão dos idosos no uso das tecnologias financeiras é um passo crucial para que possam ter maior controle sobre suas finanças e viver com mais dignidade e autonomia na velhice.